Substâncias perfluoroalquiladas, ou PFAS, foram associadas à redução da fertilidade feminina, de acordo com uma pesquisa realizada em Singapura. O estudo, publicado recentemente, indica que mulheres com níveis mais altos desses químicos no sangue têm uma redução de 5-10% na fecundabilidade e uma probabilidade significativamente menor de gravidez clínica e parto ao longo de um ano.
João Guilherme Grassi, especialista em reprodução humana, destaca que esses agentes tóxicos são amplamente usados para tornar produtos repelentes à água e óleo, como maquiagem à prova d´água, panelas antiaderentes e roupas impermeáveis. “Os PFAS podem estar ligados à desregulação hormonal e ao aumento de condições como endometriose e síndrome dos ovários policísticos, impactando diretamente a fertilidade feminina”, explica. Além disso, os PFAS são conhecidos por se infiltrar na pele, o que pode aumentar os níveis de exposição e seus efeitos no organismo.
Embora as descobertas sejam preocupantes, outros fatores também contribuem para a tendência na queda global da fecundidade observada nos últimos 50 anos, como a obesidade, a exposição a poluentes e o aumento das infecções sexualmente transmissíveis. Grassi sugere que o planejamento familiar e o aumento da escolaridade levam as mulheres a postergar a gravidez, o que também influencia as taxas de fertilidade, já que a fertilidade feminina decai significativamente com o aumento da idade. “a chance de gravidez espontânea aos 25 anos é ao redor de 25% ao mês, já aos 40 anos é aproximadamente 10% ao mês em casais saudáveis. Presenciamos mundialmente uma queda na taxa de fecundidade. O ideal para a reposição da população é 2,1 filhos por casal, a taxa brasileira atual é de 1,9” ressalta.
Apesar das preocupações, Grassi aconselha cautela: “Não devemos criar alarde. É essencial que as mulheres que desejam engravidar busquem orientação médica adequada. Cada caso é único, e o acompanhamento profissional é vital.”
Com o avanço das pesquisas, é preciso compreender melhor os impactos dos PFAS na saúde reprodutiva. Enquanto isso, a orientação, segundo o especialista, é sempre estar informado, e consultador um médico para garantir decisões seguras e saudáveis, além de buscar opções mais naturais para evitar contaminações excessivas.
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