Você já ouviu falar em lipedema? Personalidades como Yasmin Brunet e Andressa Ganacin já falaram abertamente sobre possuírem essa condição que, além de afetar a estética, também pode causar dores, desconforto e acomete mais de 12% das mulheres brasileiras, segundo estudos. A médica Narayana Serpa, cirurgiã plástica com mais de 20 anos de experiência, explica como identificar a doença e o tratamento adequado para tal.
Afinal, o que é o lipedema? A médica explica que trata-se de uma doença de cunho inflamatório do tecido conjuntivo frouxo (tecido mais mole, relacionado a gordura), predominante em mulheres.
O lipedema se caracteriza pelo aumento de gordura nos quadris, membros inferiores e superiores, e principalmente no bumbum, podendo ser perceptível seu desenvolvimento em fases de mudança hormonal, de peso e de forma – como é o caso da puberdade, gravidez e menopausa.
“A estimativa de prevalência, ou seja, o quanto que essa doença acontece na população de mulheres brasileiras, é de mais ou menos 12,3%. E esse estudo observou que mais ou menos 70% dessas mulheres, elas apresentam um IMC alto, ou seja, estão em níveis de obesidade”, explicou.
Para identificar a existência de lipedema no corpo, Narayana alerta sobre possíveis sintomas, como gordura localizada desproporcional, aparecimento de hematomas com facilidade, sensação de peso e cansaço contínuo nas pernas. No entanto, não existe nenhum exame que diagnostique essa patologia, segundo a médica, além da avaliação clínica.
“Observa-se a distribuição de gordura nos membros inferiores, quadris, nádegas, coxas e pernas, e também nos braços. Essa gordura é muito dolorida e sensível, fazendo com que a paciente às vezes sinta muita dor com uma simples massagem com compressão no local.”
A condição costuma ser hereditária. A doutora conta que o histórico familiar é fundamental para ajudar no diagnóstico. “Sabemos que essas pacientes têm muita dificuldade de perder a gordura nessas localizações. Fazem atividade física, dieta, mas a gordura localizada não sai de jeito nenhum. Normalmente, essa mulher tem algum parente com o mesmo problema”.
Não confunda lipedema com linfedema. A médica explica que, apesar de parecidas, cada condição tem suas particularidades.
“Linfedema é um distúrbio dos vasos linfáticos, então é um edema que normalmente acontece em uma perna só, sendo assimétrico. Pode melhorar durante o dia de forma natural, com drenagem linfática ou com meia de compressão. No lipedema, existe uma simetria, ou seja, as duas pernas são grandes, por exemplo.”
Por ser uma doença crônica, o tratamento do lipedema é sempre contínuo. Alimentação balanceada e atividade física são a principal chave para desinflamar o tecido gorduroso. O segundo passo é a intervenção cirúrgica.
“Depois que o paciente está estabilizado através do controle clínico, partimos para o tratamento cirúrgico, que pode ser através de lipoaspiração com ou sem o uso de tecnologias – como a lipo ultrassônica e Renuvion para a retração de pele; o lifting de coxas, que retira o excesso de pele e gordura e melhora o aspecto de celulite.”
Narayana acrescenta que “a cirurgia sempre está associada para melhorar tanto a parte estética quanto a parte funcional da paciente, para ter mais mobilidade, ter melhores condições de fazer uma atividade física e também de vestir.”
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