De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), cerca de 20 mil pessoas morrem no Brasil todos os anos em decorrência da automedicação. Essa prática, chamada de automedicação ou uso irracional, é tomar qualquer medicamento sem a indicação de um profissional da área da saúde ou farmacêutico. Além dos compostos, que podem intoxicar ou levar a dependência e vício, há ainda a dosagem. Cada remédio possui uma dose máxima para ser ministrada durante o dia e, caso seja ultrapassada, pode prejudicar a saúde.
Para a farmacêutica do Hospital Vita, Rafaela Chaves, muitas propagandas são feitas em torno dos remédios, mas a grande maioria não chega de forma racional ao consumidor. “Acredito que tivemos um aumento muito grande da automedicação no Brasil, ainda mais por termos passado por uma pandemia tão drástica como foi a da Covid-19. O certo é que todo medicamento que vá ao consumidor seja entregue com todas as devidas orientações quanto ao uso do medicamento, seus riscos, sua posologia e forma de descarte para que seu uso seja responsável e racional”.
Exame identifica resistências a medicamentos
Dentre os remédios mais utilizados, estão os analgésicos e antitérmicos, relaxantes musculares e anti-inflamatórios no geral, que são os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPS), ou seja, que não necessitam de receitas para serem adquiridos em farmácias. Mas o alerta serve também para os antibióticos, pois o problema é ainda mais grave.
Desde 2010, essa classe de medicamentos só é vendida no Brasil com a retenção de receita médica. O problema é antigo e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no futuro seja ainda pior. A expectativa é que a partir de 2050 as superbactérias irão matar mais do que cânceres. Essa classificação se dá por meio de bactérias resistentes a antibióticos, que após sofrerem mutações e não respondem ao tratamento com as medicações existentes e disponíveis.
Uma infecção causada por uma superbactéria dificilmente será tratada com os medicamentos geralmente utilizados. Nestes casos, é necessário o uso de antibióticos considerados mais fortes e, que muitas vezes, são ministrados apenas em hospitais. Além disso, os gastos também aumentam, principalmente levando em conta o período de internação e os farmácos utilizados no tratamento. Uma das maneiras de evitar essa resistência, é identificá-las.
A Mobius, empresa que desenvolve e comercializa produtos destinados ao segmento de medicina diagnóstica focada em biologia molecular, possui o kit MDR Direct Flowchip Kit, que realiza a identificação de microrganismos multirresistentes por PCR multiplex e hibridização reversa, ao detectar cinco espécies bacterianas (S. aureus, K. pneumoniae, P. aeruginosa, E. coli e A. baumannii) e 56 marcadores de resistência que incluem os principais mecanismos do tipo enzimático. Com o resultado em mãos, é possível iniciar um tratamento assertivo o quanto antes.
Cuidados com a automedicação
Além dos problemas já citados, de acordo com a infectologista do Hospital Vita, Dra. Marta Fragoso, o uso indiscriminado pode ocasionar até mesmo alergias. “As reações podem ser alérgicas, que variam desde farmacodermias leves até as fatais, como a Síndrome de Stevens Johnson ou, ainda mais grave como a necrólise epidérmica tóxica. Podem ocorrer intoxicações graves, como as hepatites medicamentosas e a insuficiência renal. Gastrites e úlceras podem ser causadas por anti-inflamatórios; a resistência e o agravamento de infecções por conta dos antibióticos; a dependência; o risco de piora ou atraso de diagnósticos das doenças com os analgésicos e o risco de agravamento de sintomas, convulsões e outras intoxicações com os relaxantes musculares”, explica.
“Para uma automedicação responsável é preciso se atentar aos sintomas do seu problema. Geralmente, os MIPS são medicamentos utilizados para tratar um problema passageiro, como dor de cabeça, azia, congestão nasal e etc. Na hora de realizar a compra do medicamento, o ideal é relatar os sintomas ao farmacêutico para que ele possa orientar quanto à melhor opção. É preciso verificar as contra indicações do uso desse medicamento, pois não é só por ele ser isento de prescrição que não se deve tomar os cuidados necessários, e respeitar as orientações de uso deste medicamento”, destaca a farmacêutica Rafaela.
O ideal é sempre solicitar atendimento médico ou auxílio de um farmacêutico, que poderá explicar sobre os riscos do medicamento e a forma correta de utilização. Rafaela ainda destaca a necessidade de ter informações claras sobre o problema para conseguir orientar da melhor forma possível. O paciente pode ainda tirar todas as dúvidas a respeito do medicamento e também em relação ao descarte correto após a utilização, para que não ocorra um acúmulo de medicamentos em casa, conhecido como “farmacinha”.
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